Esse trabalho foge um pouquinho dos meus trabalhos, pois esse não trata
de jogos e dinâmicas para o ensino da Bíblia. Como o próprio título já sugere,
trata-se de uma coletânea de textos para teatro que escrevi no espaço de mais
de 20 anos. Como ele também é um dos meus “filhos”, resolvi também apresenta-lo
nesse espaço.
O Livro traz as seguintes peças, que podem ser assim
classificadas:
Admoestação:
Alguém Faça Alguma Coisa; Casa na Areia; O Jogo dos
Sete Erros; A Campainha Divina.
Vida Sentimental:
A Atrapalhada Vida Amorosa de Ed; A
Comédia da Vida Sentimental.
Batalha Espiritual:
Pecado Virtual – A Vida Secreta de
Lino; Demônios em Ação.
Fábulas Adaptadas:
Chapeuzinho Vermelho e o Campo Missionário; João
Formiga, Zé Cigarra e Pedro Cupim no Arrebatamento da Igreja; Os Três
Porquinhos e as Três Edificações.
Datas Especiais:
O Natal de Júlia.
Abaixo deixo uma de minhas peças
contidas nesse meu e-book:
A ATRAPALHADA VIDA AMOROSA DE ED
PERSONAGENS: Ed
Anabella
Ana- Clara
Roberto
Cenário: Quarto de Ed.
(Entra
Ed, trazendo consigo uma flor e uma foto de Anabella.)
Ed: (Com ar de apaixonado)
Anabella! Anabella! (Suspirando) Seus olhos são azuis como o céu. E seus
cabelos negros como a noite. (Acariciando a foto) E a sua pele deve ser macia
como o algodão. (A cada pausa um beijo) Você ainda... vai... ser... minha...
Anabella! (Noutro tom) Escutou bem? Minha!
(Ed troca
a foto por um travesseiro. Abraça-o com força, como se fosse a amada.)
Narrador: Esse é nosso amigo Ed. Como vocês pode-se perceber, nosso amigo Ed nutre uma grande paixão por
uma garota. E que pelo visto não é correspondida.
Ed: (Infantil) Anabella, como você é bela.
Narrador: Pior é que esta paixão
está o deixando-o, com dizem por aí: fora da casinha.
(Ed senta-se no chão. Deixa a
“namorada” jogada ao lado. Fica cabisbaixo.)
Ed: Ninguém me ama! Ninguém me quer. Eu sou
irremediavelmente (fazendo biquinho) feio. (Num falso choro) Só pode ser isso.
Ninguém dá bola pra mim. (Pequena pausa. Enxuga as lágrimas) Eu não posso ficar
assim! (Dá uma tossida e fala num tom nada convincente) Eu sou vencedor.
Narrador: (Irônico) Ih! Com essa determinação não sei se vai
muito longe.
Ed: Vou orar!
Narrador: Boa ideia, cara! Vai lá!
Faz alguma coisa.
(Ed imita
estar fechando a janela. Depois vai até uma falsa porta. Verifica se tem alguém
se aproximando. Faz como que trancasse a porta.)
Narrador: Parece que Ed está querendo orar em secreto. E bota
secreto nisso.
Ed: (Olhando para o céu) Senhor, agora é só eu e Você.
(Apanhando o travesseiro) Ah, e a Anabella também. Desculpa, minha querida! (Ajoelha-se abraçado
ao travesseiro). Senhor, eu quero te fazer um pedido. Sei que já é pela
milésima vez que eu peço. E Tu já sabe qual é o meu pedido. (Em tom de
cochicho) Preciso de uma namorada. Mas eu não quero qualquer uma, eu quero a
Anabella. Sei que só a Anabella me fará feliz. A Anabella precisa ser minha. Eu
só tenho olhos para a Anabella. Dá a Anabella pra mim, Senhor. (Pensativo) Hum!
Acho que estou sendo um pouco egoísta. Deus não ouve orações egoístas. (Pensa
um pouco e prossegue a oração) Hum! Já sei! Senhor, eu quero ser da Anabella.
Faça com que a Anabella queira me conquistar. Que ela ore para que eu tome
coragem para pedi-la em namoro. Que ela sonhe comigo. (Noutro tom) Acho que era
só isso. Amém.
Narrador: Oração típica de um guerreiro inexperiente.
Despejou palavras... Oração que correm o risco de jamais serem atendidas.
Sonoplastia: Toque de celular (Pode ser “Ai se eu te pego”-
Michel Teló)
Ed: (Ouve o celular e vai em disparada a procura dele)
Ai, meu Deus! Cadê meu celular? Se toca na igreja, eu tô frito!
Sonoplastia: Toque de celular off, como se o Ed estivesse
atendido a chamada, porém sem ainda falar no aparelho.
Ed: (Resmungando) Deve ser a
Anabella! (Dizendo para si) Pensamento positivo, Ed. É a Anabella! Chegou a tua
vez, cara!
Narrador: Isto que é fé. Anabella nem ao menos deve saber o
número dele.
(Ed
tosse. Arma-se para falar ao telefone. Desiste. Arruma-se todo. Penteia o
cabelo. Até borrifa um pouquinho de um líquido para melhorar o hálito.)
Ed: Aloouuu!
Roberto: (Microfone) Que voz é essa, Ed? Ih, cara! Não estou
te reconhecendo, rapaz! Não sei não, hein!
Ed: Não enche, Roberto! Pensei que fosse outra pessoa.
Roberto: Outra pessoa? Tá esperando alguma ligação? Me
conta, cara!
Ed: Ninguém.
Roberto: Pois eu tenho novidades para você, meu amigo.
Ed: Novidades? (Tapando o telefone) É sobre a Anabella.
(Cruzando os dedos) Certeza! (Prosseguindo a conversa ao telefone, mas
demonstrando falta de interesse) Novidade?
Roberto: Prepare teu coração, cara! É melhor você se sentar.
Advinha! Advinha! É
sobre a Anabella.
Ed: (Entusiasmado) Anabella? Conta logo, cara! (Para si mesmo) Eu sabia! Valeu o
pensamento positivo.
Roberto: Na verdade são duas.
Ed: Duas? Melhor ainda.
Roberto: Vai com calma. Uma é boa...
Ed: A outra deve ser melhor ainda.
Roberto: Não. A outra é péssima, cara. Qual você quer
primeiro?
Ed: Por que será que na vida tudo tem que ser sempre
assim. (Pequena pausa) Vai. Primeiro a boa. Quanto a péssima, eu já estou
acostumado mesmo com desgraça.
Roberto: (Fazendo suspense) A Anabella... (Interrompe) Mas,
trocando de assunto. Que jogão de bola ontem, hein? Por um pouco que o peixe
não ganha de lavada.
Ed: Cara, não enche. Tá querendo me matar de aflição?
Roberto: Tá preparado?
Ed: Vai logo!
Roberto: A Anabella... prepare os foguetes, cara... Ela
terminou com o Renato.
Ed: Aguarde um pouquinho na
linha. Um momentinho só.
(Ed tapa
o telefone.)
Ed: (Cerrando o punho como se tivesse conquistado uma
grande vitória) IUPIIII! (Ajoelhando-se, ora) Obrigado, Jesus. Eu
tinha certeza que minha oração seria atendida. Amém.
(Ed fala
novamente ao telefone.)
Ed: Ela terminou o namoro com o Renato, jura? Me conta
mais, véio! Você merece um beijo, cara.
Roberto: Dispenso. Beijo de homem, eu hein! (Noutro tom)
Preparado para a ruim?
Ed: (Em transição de feliz para preocupado) A ruim?
Bom, a ruim não deve ser tão trágica assim, né? A boa já me valeu o dia.
Roberto: A Anabella começou namorar com o Giovane.
Ed: (Gaguejando) M-mas assim tão de repente? Não pode
ser.
Roberto: Pior é que pode sim.
Ed: Não pode ser. Com ele não. Até aquele... aquele...
Mas ele é um pilantra! Coitadinha dela. Garanto que ele iludiu a pobrezinha.
Mas como ela é ingênua!
Roberto: Eu lamento, cara. Suponho que não queira mais
conversa por hoje. Tchau!
Ed: (Largando o celular)
Anabella! (Olhando para o céu, num falso choro) O Senhor não se sensibiliza?
Não vê que estou sofrendo?
(Cabisbaixo,
Ed sai de cena.)
Narrador: Pois é, o Ed não aprende mesmo. E o pior: pensa que
a culpa é de Deus. A Anabella tem pinta de que não é o tipo de pessoa que o
Senhor “sonhou” para Ed. Menina namoradeira, já terminou com o Guto, o Filipe,
o Beto, o Tony e agora com o Renato. Pior á que esta lista é apenas desta
quinzena. Se a oração de Ed fosse atendida, no mínimo lhe resultaria numa
terrível dor de cabeça – ou, talvez, do coração. Anabella nunca apreciou um
relacionamento sério. Ela adora mesmo é fica.
(Ed
entra. Ele está aflito. Olha para o céu, sem firmar os olhos, volta a olhar
para chão.)
Ed: (Tímido) Senhor, Você ainda está aí? (Arrependido)
Eu não queria ter dito aquilo, sabe? Sei que errei. Também não deveria ter
usado aquele tom de voz com Você. Gostaria que me perdoasse. Pai, Você sabe que
me descontrolo só de imaginar a Anabella nos braços de outro. Paizinho, eu
quero ela para mim. Será que é pedir demais? Será que isso não está ao seu alcance?
Você não é o Todo-Poderoso?
Narrador: (Como se dirigisse a Ed) Hei, Ed! Você já
experimentou perguntar ao Senhor se é a Anabella quem Ele preparou para você?
Ed: (Assumindo a fala do narrador como se fosse de sua
consciência) Que ideia mais besta! É claro que a Anabella é a pessoa ideal para
mim. Afinal, Deus sempre quer o melhor para os seus filhos.
Narrador: E se não for?
Ed: (Depois de breve pausa) Claro que é! (Tapando os
ouvidos) Isso só pode ser a voz do inimigo tentando me deixar triste. Tá amarrado!
Logo hoje que eu tenho certeza que a Anabella vai me convidar para um passeio.
(Noutro tom) Já sei. Vou ler a Bíblia.
continua...
PERSONAGENS: Ed
Anabella
Ana- Clara
Roberto
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